Fragmentos da Noite

O que é de se fazer todos os dias, vontades, idiomas, comidas e caminhadas. O que é de se unir até tornar-se um, de viver, saber, construir. As coisas planejadas, aqueles sonhos, dividem-se para sonhar mais. De cada pedaço fazer um novo e assim nunca acabar.
A timidez, a coragem, encanto ou distração. Apenas sentidos. O que fazer? Dê asas grandes aos pensamentos. Aflore sua condição de aprendiz. Voe junto com essa imaginação. Não dói, apesar de arrancar um muito. O escuro. Arranca também o que impede de querer. Engana o seco. Atrai o novo. De novo. Enfim, abastece. É só mergulhar.
Atentamente ouvir - o que constrói - , discernir - bom ou ruim -, a condição - o certo -.
Nunca é demais querer de novo o que foi bom, acrescentou, reaviveu. Mesmo que repetitivo - se não for assim, não fica gravado, como é de se ficar. Agora, sempre. Amanhã acordo e discordo do 'não', alegro-me com o sorriso de canto e espero ele inteiro com o meu já pronto. Para dar sabor e salientar o que de bom há. Para desiludir a memória temporariamente em transe. E que logo, logo acorda, com um estalar de dedos [assim desejo]. Se é pra entender, seja claro. Se é pra comover, chore, convincentemente. Desperte-se e corra. É bom não agradar de vez em quando, pra ver quem saberia lidar com isso...

Esses pensamentos soltos, surgem durante a noite e o lápis e o papel ficam perto da cama, pra que essas frasezinhas não sejam esquecidas no dia seguinte, e serem então colocadas juntas, pra formar esses textos sem sentido.

Eu sei que são sem sentido mesmo, como eu disse, é durante a noite, e na verdade  nem sei se estou acordada na maioria das palavras... E é de madrugada, e o galo [rotineiro] canta. A noite fica invisível, e eu com ela. Alguns ajustes no relógio, uma olhada nas mensagens, uma última oração. Acho que é só. Boa noite.