quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Implícito

Como é que se sua frio? Como é que se sonha acordado? Uns burburinhos surgem repentinos dentro, os ouvidos receiam não mais escutar com o zumbido oco que aterroriza. Subir pelas paredes, se jogar delas, nelas... Correr, e parar sempre no mesmo lugar. Ainda suando, pegar papel e caneta e esboçar lembranças, palavras semi-ditas, conselhos sussurrados, mas não passa... O sangue corre a uma velocidade absurda, os sentidos aflorados, levemente aguçados, porém atentos, enlevados, a postos.

Com quem? Só. Sozinho? Sim. Como? Assim.

A respiração se acelera também, o ritmo aumenta, o descompasso junto, o caos perdura e recupera um pouco de endorfina daquelas lembranças lembradas há pouco, porém não dura e volta a incomodar. A cama, bagunçada e cheia de papéis esquecidos, não suporta mais tantos giros, o céu, timidamente, resolve chamar as nuvens para lhe fazer companhia... As estrelas somem, a voz trêmula, quase muda, rosna um pedido de socorro, procura forças dentro, recorre ao som, às letras de música, chora...

Com quem? Só. Sozinho? Sim. Como? Assim.

É o processo estranho e metamórfico que a solidão causa, é uma euforia que pode ser usada como construção se bem aproveitada, ou desmoronamento se a força for pouca, e essa força vem da reflexão, da oração, da fé. Que se for muita, supera, digere, engrandece, cresce. A solidão comove, emociona, desidrata... Constrói, prepara, é regra expansiva de aprendizado.



Tema sugerido por Lucas, que, em contrapartida, postou a partir de uma sugestão minha : Pilula Doce

Um comentário:

  1. Na mosca! kkkkk..
    "Com quem? Só. Sozinho? Sim. Como? Assim." me coisou todo.

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