Já embriagada, se deitou no sofá que tomava toda a sua sala. A mão estirada no cinzeiro depositando réstias do cigarro. Passara o dia inteiro remoendo pensamentos que literalmente te derrubavam, amores passados, sonhos que não se realizavam, dilacerava seu coração. Não teve condições de ir trabalhar hoje, não se continha de pé, após dois dias e duas noites soterrada em seu próprio desmoronamento. Sempre estava elegante, mas havia uma dor, um cansaço, indisposição que tomava conta de suas forças... Extasiada, adormeceu.
Às 10:37 o telefone toca, acordando, se espreguiçou desleixada, pegando o telefone indelicadamente e colocando no gancho outra vez, arrancou os fios da tomada e se arrastou até o banheiro, abriu o chuveiro e saiam de seus olhos tinta preta e condensada. Era uma moça bonita, jovem e desiludida. Saiu do banho, secou os cabelos e se enrolou num roupão azul, tinha fome e não se lembrava de ter feito compras, a geladeira provavelmente estava vazia assim como sua mente. Não pensava, não estava lúcida o suficiente pra pensar. Nem se lembrava de como ou quando tinha chegado em casa, mas isso era o que menos importava sendo que ela estava em casa, mas seu coração se perdeu, em uma dessas ruas movimentadas, algum beco imundo, sem iluminação, num país, num planeta qualquer... Olhando no espelho sentia raiva e compaixão do que via, chorava, gritava tentando se lembrar de quando ela era ela... mas não conseguiu.
to be continued. (haha, meu sonho escrever isso!)
Isso é o que eu defino como sarjeta, miséria. Imaginei uma moça vestida de preto, com cabelo preto e maquiagem preta -tudo preto! Sentimentos sufocados fazem isso, tenho muito medo deles!
ResponderExcluir:) Some não, coração de paetê!