segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Deslumbrado desenrolar do pensamento









Vejo na nitidez do meu vasto pensamento
Na noite escura, mórbida, insípida
Estranhas vozes, estranhos surtos
Que sucintamente o peso do vento liquida


Essa escuridão me faz imaginar
Distantes sons, amedrontando meus pensamentos
Me impressiono com rugidos ocos
Viajo, me entrego, me rendo nesse momento


Instante em que tudo se inanima
O chão desaparece, a alma voa
Dentro de mim, sobras da agonia
Barulhos aparecem, soam, ecoam


Morbidez alastrante
Tudo para, tudo se diminui
Não há mais nada, não há mais eu
Aglomerando sentimento, que evolui


Nasce o desejo, a vontade
De sair do pesadelo, de me livrar
A imaginação se sobressai
Não tive o poder de me controlar


Volto recuperando sensações
Vivo, revivo, instigo
O medo da noite também voa
Levando meu pensamento assim consigo

Ao passar o tempo voa




Estava tudo tão bem
Enquanto isso não sentia
Nem calava, apenas estava ali
Me fazendo suspirar, esperar


As incansáveis batidas do relógio
Embriagadas com o peso do tempo
Que não media esforços ao simplesmente passar
Deteriorando réstias de tormento


Ou então, ao invés de passar
Parava sucumbido ao murmúrio vazio
Que da minh’alma suspirava solo
Para esvaziar-me de um sentimento sombrio


Com ele sinto que tudo ainda será
Ou que já foi e volta
É certo, amedronta as vezes
Ao sentir-se preso à sua própria escolta


É isso e sempre e volátil
Recupera instintos distantes, inacabados
Revigora surpresas, ainda que já reveladas
Satisfaz e aviva sonhos desolados







Estonteia-me

Os sentidos me calam
As vozes me inspiram
Os pensamentos afloram
E surgem vertigens
Passado, porém não meu
Instantes que voltam
Refletem
Escutam odores
Pausas esquecidas
Mistérios enganados
Aparecem e se escondem
Na  brisa, condoída
Espairecem-se ao luar
E as vozes ecoam de repente
E se soltam no vento
Par mim, para as flores
Se sentem
Se encontram
E se revelam atrozes
Por que não sabem amar
As sem-razões do amor


Eu te amo porque te amo.
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabe sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.
Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.
Eu te amo porque te amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.
Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam) a cada instante de amor. 
>C.D.A<