quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Sonoro

Sentiu-se só, e nessas horas o mais travesso dos sentimentos é o medo, mas a noite, apesar de muitas vezes parecer sombria, também tem as suas surpresas. Embalado pelo som da chuva, o vento, nas suas curvas, fazia serenata com as folhas daquelas árvores simetricamente plantadas. O passar tênue da noite, ajudava para que o pulsar ligeiro de um coração amedrontado, se acalmasse. A chuva era forte, mas seus pingos não eram exagerados, isso também ajudava. Cada gota que caía, entrava em compasso com aquelas batidas que iam também se amansando, a respiração mais lenta, um suspiro aliviado, que se transformava em um riso contido, ao reclamar sem maldade do grilo que havia se escondido por ali.
O vento continuava a dar giros e agora assoviava calmo, sereno, sem querer intimidar, mas inspirando assovios também. Tudo se encaixava e o som daquela que parecia cruel, contribuiu para que a instabilidade do coração se ajeitasse em uma rede que se balançava lentamente e um pequeno cobertor que por desleixo se arrastava no chão, o medo se foi e brando, o sonho chegou.

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