Todos têm, não sei por que eu
preciso ter também. Os motivos são tolos, as ideias são rasas, e o futuro... O
dinheiro trará. Não é questão de escolha, é de berço. As crianças se sujam com
ouro. Seu ferimento mais profundo é não ter o melhor de todos. Ser o melhor
entre todos. Melhor de marca. Título. Embalagem. Melhor roupa que encoberta
essa sede de altura, altitude que não existe. Elevação simbólica, notas
pintadas de vermelho, verde, azul... Que ditam o que eu posso ou não ser...
Ter, fazer... Papeis marcados com a alforria. Com as normas que devem ser
seguidas para pertencer também ao mundo normal. O que é normal? Onde está o
lado bom de ser o melhor? Vestir-se com uma blusa estampada um nome de
quem-lá-sabe-o-que, e trombar a dois metros com várias outras pessoas vestidas
com a mesma blusa e se sentir feliz. Feliz? Daí concluir que felicidade é ser
um robô; um fantoche; uma fantasia. Ou, mais simples ainda, uma cópia. Um mundo
onde todas as pessoas se sentem bem sendo iguais e ainda assim se sentem melhores.
A mania de querer imitar os orientais, todos parecidos, apesar do presente que
temos aqui – a diferença – de cor, voz, cabelo, altura, sorriso... Temos
diferenças e é isso o que nos torna melhores. Eu não quero ser igual para
parecer normal. Uma normalidade futil, cheia de símbolos e sem conteúdo. Um
prazer em ser mentalmente melhor ou maior que qualquer mortal que ouse não
trajar a mesma pompa. Não quero precisar ser assim para não ser olhada pelos
cantos dos olhos como uma ladra, sendo que eu vejo tantos ladrões a minha
volta, roubam-me a vontade de sorrir, arrancam de lá do fundo da minha alma a
mais intensa repulsa e eu tento não me contaminar com isso para voltar a
acreditar nas coisas. Inventar um mundo a essa altura é querer demais. Pensar
que as coisas podem mudar é um desafio um tanto louco. Só sei que é preciso
braços fortes para não deixar que essa onda carregue os valores. E deixar que
tudo o que se acreditava até então, encontre o cais e não afunde. A realidade não pode ser torpe assim, eu
preciso da minha verdade e eu sei que ela existe... Só que bem longe daqui.
Você me traz de volta sempre, sabia?
ResponderExcluirTe amo!
Pois é,sua verdade existe e não está tão longe assim, procure-a direito, moça. Te amo muito.
ResponderExcluirIsso é o que refiro!
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